sábado, 4 de julho de 2009

Tirinha Digital: sobre piedade e egoismo

Essa "historinha" eu já estava querendo contar havia um tempinho, mas acabei enrolando um pouco para produzir umas tirinhas mais ou menos aceitáveis. No fim, ficou tosqueira mesmo (não reparem!), mas a intenção é mais transmitir algumas ideias que qualquer outra coisa.

Enfim...

Parei para pensar nisso tem uns meses atrás, quando peguei um ônibus por volta das 22:30h da noite, na volta da faculdade. Um daqueles vendedores ("Eu podia estar matando, eu podia estar roubando...") entrou, e eis que se desenrola a ação...
[Recomendo que cliquem na imagem para vê-las porque, bem... sou uma total amadora]



O cara contou toda a história de vida dele. Era sofrida, não tinha como não ficar com pena. Apesar da cara de sonso...


Fui a primeira a me levantar e dar o dinheiro. Percebi que todo mundo olhou para mim e fiquei meio constrangida, por algum motivo. Mais uns três ou quatro outros passageiros fizeram a sua parte depois. Até que...


Foi irritante...
Quando o cara foi expulso, todos os que tinham colaborado começaram a dar justificativas de porque tinham o ajudado.
E eu não sabia o que dizer para integrar o grupo!
E eis a solução brilhante!
MORAL DA HISTÓRIA: "Piedade é uma coisa bastante embaraçosa." <3

Parece que vivemos numa época em que a pena se tornou algo vergonhoso, não? Admito que fiquei com um pouco embaraçada com a ideia de dizer que aquele homem havia me causado dó. Aliás, duvido quem ajudou não tenha sentido isso também.
Mas, não é engraçado que em algumas circunstâncias prefiramos dizer que ajudamos alguém por motivos egoístas ("não queria perder a hora", "tenho medo de ser assaltado") que por altruísmo puro e simples?

Hmm, volta e meia paro para pensar nisso...


Ps: todos os posts deste blog são de minha autoria e refletem opiniões inteiramente particulares. Concordou? Discordou? O botão "comentar" serve para isso.

sábado, 6 de junho de 2009

EXPLICAÇÃO

Decidi apagar de uma vez aquele tópico polêmico. Segunda-feira gostaria de ter uma conversa "ao vivo" com os supostos envolvidos, se não for pedir muito.

Prefiro deixar esse assunto em panos limpos de uma vez.

abraços.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

NOTAS EXPLICATIVAS SOBRE O ÚLTIMO POST - IMPORTANTE

Pois é, parece que dar exemplos de pessoas reais acabou trazendo um pouco de dor de cabeça para o meu lado.

A colega Barbara F. da ECO resolveu responder ao último post, aparentemente, sabendo quem seria alguma das "meninas" e criticou minha postura ao julgá-la de modo errôneo. A Barbara - que sequer conheço bem, para poder fazer qualquer julgamento a respeito, e contra quem nada tenho - defendeu uma amiga, que acreditava ela ser a quem eu me referia em minha última postagem. Acho que foi uma boa postura, uma vez que parece que estava havendo um mal-entendido aqui desde o princípio. Vou ser direta, tanto à Bárbara, quanto a amigos meus ou quaisquer outros que talvez tenham tido a mesma opinião que ela: acredito saber quem é a pessoa a quem todos se referem. Mas NÃO, NÃO É ELA.
Vou repetir para que ninguém fique reforçando: NÃO É A PESSOA QUE A MAIORIA DE VOCÊS, DA ECO, ESTÁ ACHANDO QUE É. Porque ela sequer é da ECO.

Como eu disse à Bárbara, eu acredito que todos fazemos julgamentos superficiais a respeito de algumas pessoas. E se agi desse modo, em algum momento, creio que foi por erro e não por maldade.

Contudo, reitero que jamais confirmei ou neguei quem seria a pessoa.

Não estudo apenas na ECO: faço faculdade de Direito e cursos, e não se esqueçam que o início do período letivo coincide em todos os lugares. Isso significa que a pessoa em questão, não necessariamente seria da faculdade de comunicação.

Outra coisa importante foi que, conscientemente, distorci a aparência da "menina1" e da "menina2". Esta última aliás, foi uma descrição bem clichezinha: dizer que alguém é alta, loira e esbelta é mostrar um padrão normal de uma bela menina. Além disso, descrever uma pessoa como metida, fútil e superficial, é também um padrão para alguém que consideramos desagradável. Não sou tão idiota a ponto de fazer descrições reais, sabendo que o blog é público e acessível a todos. Se a carapuça serviu em alguém, eu não tenho culpa: apenas fiz uma descrição-padrão. A menina a quem me refiro nada tem a ver com a que provavelmente a maioria está pensando que é. Aliás, eu sequer conheço a amiga da Bárbara e dizer algo sobre ela seria apenas isso que a Bárbara disse mesmo: superficialidade.

Peço desculpas a todos a quem causei mal-estar com a última postagem, mas houve precipitação de julgamentos. Talvez eu faça uma ligeira alteração no texto, para evitar maiores confusões. Não pretendo ter inimizades com ninguém, seja da ECO, da minha outra faculdade, ou dos cursos alternativos que faço. Portanto, espero que tais desentendimentos não ocorram mais daqui para frente.

Abraços a todos!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Filosofia para todos e para ninguém

Será que pensar demais faz mal?

Como seres humanos, acredito que todos nós temos a maniazinha incessante e manipulativa de calcular possibilidades, de tentar prever o futuro, até delimitá-lo ao ponto que nos interessa. Se Júlio Emanoel quer convidar Mariazinha para ir ao cinema, não interessa a ele a possibilidade da menina dizer um belo e rotundo "não"; ou o, ainda mais deprimente, "prefiro que continuemos como bons amigos. *Sorriso colgate*". Para o nosso pobre amigo de nome-duplo apenas o "sim" - limitado, uma ínfima possibilidade diante de um mar de expectativas - vale a pena de ser ouvido.
Então, no sentido de alcançar sua árdua tarefa da vida cotidiana (Quem disse que amar não é de certo modo viver uma Epopeia??), o camarada J. E. batalha para tornar o "sim" mais próximo de seus ouvidos. Manda flores para Mariazinha, escreve poemas, gasta dinheiro para ver seu sorriso - nem que seja manchado de bombom de chocolate! E...
Ela diz o (agora ainda mais deprimente) "prefiro que continuemos como bons amigos. *Sorriso colgate [combo triplo]*"
Por que será que as coisas aconteceram assim? Se Júlio Emanoel era um ótimo amigo, divertido, companheiro, não-fumante, escoteiro honorário e doador de órgãos porque raios ele não
faturou a mina, véi?!

Está aí uma boa pergunta. Responda-me você!

Por outro lado a história podia ser outra. Um dia J.E. decide ir para uma festa, desanimado com o último toco que recebeu (Chiquinha, aquela malvada!), e lá, como quem não quer nada, encontra a mulher de sua vida: a Nandinha! (ok, eu paro com os diminutivos.)
Eles se conhecem melhor, namoram, casam, têm filhos e vivem felizes para sempre. Finish.

No primeiro caso, ele planejou, tentou delimitar suas possibilidades, usou e abusou de sua criatividade para conquistar a menina. E falhou.
Mas depois, sem querer, não forçando nada, apenas deixando as coisas fluírem, ele foi feliz. Ele podia ter falhado também, óbvio (afinal, a imensidão de possibilidades de resposta ainda estavam lá), mas por um milagre divino, teoria do caos ou simples "cagada" monumental, ele conseguiu o que não tinha dado certo enquanto forçava a barra.

O que me leva a questão que introduziu este post: será que pensar demais faz mal?

Quando desejamos muito alguma coisa fazemos todo o possível para torná-la uma realidade, e isso implica em muito planejamento, ansiedade e esforço. De fato, muitas vezes conseguimos graças a tudo isso (se você conseguiu passar no vestibular sem pregar o traseiro numa cadeira em nenhum instante: a- você é super-dotado; b- você sabe colar muito bem).
Só que zelo não leva, necessariamente, à conquista. Pode dar satisfação, segurança e até felicidade. Mas nem sempre as energias postas no jogo parecem alcançar seu objetivo principal.
E por isso a gente se frustra.

Friedrich Nietzsche, um filósofo muito famoso que amo, costumava a dizer que os "fortes" (aqueles que se aceitam como são de fato, sem se deixarem abater por preconceitos hipócritas) não planejam: eles vivem a vida sem a circundarem com paredes, aceitando a felicidade que vem mesclada com as nossas doses diárias de sofrimento. E POR ISSO são felizes: porque eles não tentam impedir a tristeza. Sabem que é um movimento inútil.
Particularmente, aceito essa visão com algumas ressalvas. Não dá para ser "forte", na conceituação nietzschiana, o tempo inteiro. Nesse mundo competitivo nosso, menos ainda.
Mas acho que é uma ideia bonita, muito gostosa, na verdade. É preciso mesmo ser "forte" para alcançar esse estágio...
Só a título de curiosidade: Nietzsche, com toda a sua inteligência e sabedoria (virar professor da universidade de Basiléia aos 23 anos, influenciar toda uma geração filosófica posterior a sua morte, e ser considerado um dos maiores filósofos da história humana, não é para qualquer um), morreu sozinho, louco e mal-compreendido. O mesmo sujeito que compreendeu, como poucos, o interior da alma humana foi incapaz de ser "forte" como aquilo que teorizava (desconte-se o cancro no cérebro que o fez perder as faculdades mentais).

Pensar e viver, provavelmente, são coisas muito diferentes...

Psicologizam-se as vontades, humaniza-se o inanimado, inventam-se razões... Tudo para facilitar nossas escolhas e nos dar um pouco mais de segurança num universo onde nada é 100% certo.
Mesmo no momento em que escrevo agora, ou quando dou conselhos amorosos (assustadoramente acertados!) para meus amigos, faço isso. Todos nós fazemos. Mesmo que, na vida real, seja muito mais complicado de levar à prática.

Por isso, digo que vivemos tentando controlar tudo ao nosso redor.
E por isso mesmo é que essa é uma filosofia que serve para todos e para ninguém... Alguém aí discorda? :]


Obs: Todos os nomes mencionados são meramente ficcionais. Se você se chama Júlio Emanoel e é apaixonado por uma Mariazinha, eu não sei de nada! Coincidências acontecem!